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Gavião-de-cauda-curta Buteo brachyurus (Vieillot, 1816)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Jose Quintino

Gavião presente em todo o Brasil, normalmente observado planado nas horas mais quentes da manhã, às vezes junto aos urubus. Caça principalmente aves, que captura através de perseguições aereas ou investidas rápidas na copa das árvores. Pode ser encontrado em florestas, matas de galeria e áreas urbanas arborizadas.


Descrição:
Mede de 37-46 cm de comprimento, envergadura de 83–103 cm, peso de 450-470 g (macho) e 425-530 g (fêmea) (Bierregaard & kirwan, 2013). Adulto possui duas formas de plumagem, uma clara e outra escura, quase negra. Adulto (forma clara) apresenta partes inferiores branco homogêneo que contrasta com as primárias e secundárias escuras, cauda barrada, dorso e lados da cabeça preto; jovem é parecido com o adulto, no entanto, a cauda possui barras pouco definidas, primárias e secundárias mais claras e as laterais da cabeça ("bochechas") é marrom-pardo. Adulto (forma escura) possui plumagem preto predominante, com as penas secundárias levemente mais escuras que as primária, e cauda barrada; O jovem 'forma escura' é parecido com o adulto na forma escura, possuindo algumas manchas claras esparsas no ventre escuro. Apesar de seu nome popular "cauda-curta", sua cauda não é significativamente menor em relação ao corpo se comparada com espécies do mesmo gênero.

Espécies similares: Indivíduo adulto (forma clara) é pode ser confundido com o gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus), gavião-papa-gafanhoto (Buteo swainsoni) e gavião-de-dorso-vermelho (Geranoaetus polyosoma) diferenciando-se principalmente pelo padrão da cauda, que nesta espécie é toda barrada. Indivíduo jovem em voo pode ser confundido com o gavião-pato (Spizaetus melanoleucus). Indivíduos na forma escura são parecidos com o gavião-urubu (Buteo albonotatus), gavião-de-asa-larga melânico (Buteo platypterus), gavião-de-rabo-branco (G. albicaudatus) melânico e gavião-preto (Urubitinga urubitinga), sendo a principal diferença o padrão da cauda e silhueta.

Dieta e comportamento de caça: É um gavião especializado na captura de aves, mostrando adaptações tanto morfológicas quanto comportamentais para a captura desse tipo de presa. Também pode alimentar-se de invertebrados, como gafanhotos, percevejos, vespas, formigas e aranhas), além de anfíbios e roedores.

Na Flórida/EUA, aves pequenas são as principais presas do B. brachyurus, representando 96,3% de sua dieta, incluindo casos de predação contra Falco sparverius e Accipiter striatus, e em menor frequência, roedores, lagartos e insetos (Del Hoyo et al. 1994). No Brasil, Christianini (2005) registrou a predação de B. brachyurus sobre Crypturellus parvirostris (inhambu-chororó) em um fragmento de floresta semidecídua no município de Gália-SP. Este é provavelmente o registro da maior ave já capturada por esta espécie.

Reprodução: Constrói o ninho com ramos e gravetos com cerca de 70 cm de diâmetro, no alto de árvores (Del Hoyo et al. 1994). A fêmea realiza a postura de 2 ovos, com período de incubação de 34 dias. Geralmente um filhote sobrevive, o mais velho elimina o mais novo (Newton 1977). O filhote fica dependente dos pais por aproximadamente 6 meses tornando-se adulto com 2-3 anos de idade (Marquez et al, 2005; Ferguson-Lees e Christie, 2001; del Hoyo et al, 2004; Newton, 1977). No período de reprodução, o macho realiza voos nupciais, circulares seguido de descidas repentinas. Durante o acasalamento emite seus chamados, sendo geralmente compostos de assobios finos.

Na capital de São Paulo, Monsalvo (2012) acompanhou um casal com plumagem melânica nidificando em um parque urbano da cidade. O ninho estava localizado ao lado de uma via movimentada. Duas semanas após o primeiro voo, o filhote já havia abandonado definitivamente o ninho, mas ainda passava a maior parte do dia pousado na árvore a cerca de 50 m do ninho, vocalizando constantemente. No decorrer das semanas, o filhote diminuiu a frequência de chamado pelos pais, e dedicava cada vez mais tempo a desenvolver atividades de caça.

Distribuição Geográfica: Presente desde o sul dos Estados Unidos (Flórida) e México até a Argentina e Paraguai, incluindo todo o Brasil (Del Hoyo et al. 2004). Sabe-se que as populações setentrionais são migratórias e algumas populações da Flórida (EUA) podem migrar até Cuba, porém, os movimentos migratórios da espécie é mal documentado (GRIN, 2010). São reconhecidas duas subespécies:

  • B. b. fuliginosus: sul da Flórida (Estados Unidos), leste do México até o Panamá;
  • B. b. brachyurus: Colômbia, oeste do Equador, Guianas, Peru, Bolívia Paraguai, Brasil até o norte da Argentina (Jujuy, Tucumán, Misiones).

Habitat e comportamento: Pode ser encontrado em bordas de florestas, matas de galeria, áreas florestadas permeadas de vegetação aberta e nos centros urbanos mais arborizados. Vive normalmente sozinho, ocasionalmente aos pares. É um dos mais acrobáticos gaviões do gênero Buteo, voa como um falcão realizando voos picados espetaculares sobre o dossel da mata, às vezes próximo a copa das árvores onde costuma capturar as aves que posteriormente despluma no ar (Márquez et al, 2005). Geralmente observado voando alto em voos circulares nas horas mais quentes da manhã, às vezes junto aos urubus.

Movimentos: Espécie residente.

 

 


:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências:

Bierregaard, R.O., Jr & Kirwan, G.M. (2013). Short-tailed Hawk (Buteo brachyurus). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2013). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.

Blake, E. R. (1977) Manual of Neotropical Birds. The University of Chicago Press. Chicago and London. 674 páginas.

Christianini, A. V. (2005) Afeeding record of the Short-tailed Hawk Buteo brachyurus in its southern range. Revista Brasileira de Ornitologia 13 (2):191-192.

Jaksic, F. M. (1985) Toward raptor community ecology: behavior bases of assemblage strucuture. Raptor Research 19:107-112.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Newton, I. (1977) Breeding strategies in birds of prey. Living BIRD, v. 16. p.51- 82.

Monsalvo, J. A. B. (2012) Reprodução de Buteo brachyurus em um parque urbano de São Paulo, sudeste do Brasil. Atualidades Ornitológicas On-line, 170:33-40.

Meyer, K.D. (2004) Breeding and wintering ecology of the Short-tailed Hawk (Buteo brachyurus) in Florida. Final report. Florida Fish and Wildlife Conservation Commission, Tallahassee, FL.

Sick, H. (1997). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Willis, E. (1963) Is the Zone-tailed Hawk a mimic of the Turkey Vulture? Condor 68:104-105.

Site associado: Global Raptor Information Network



Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-de-cauda-curta (Buteo brachyurus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/buteo_brachyurus.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravação: Sidnei de Melo)
By: xeno-canto.





Indivíduo adulto (forma clara).
Nova Boa Vista/RS, Dez. de 2010.
Foto:
Juan Anza
 

Indivíduo jovem (forma escura).
Limeira/SP, Maio de 2016.
Foto:
Nathalia Melo
 

Indivíduo jovem.
Baixa Grande/BA, Julho de 2015.
Foto:
Sidnei Sampaio
 

Indivíduo jovem.
Ilhabela/SP, Setembro 2008.
Foto:
Marcelo Dutra
 

Indivíduo adulto (melânico). Nepomuceno/MG, Novembro de 2010. Foto: Zé Edu Camargo
 

Indivíduo subadulto (forma escura).
São Sebastião da Grama/SP.
Foto:
Luiz F. Pereira
 

Indivíduo jovem (forma escura).
Jundiaí/SP, Maio de 2011.
Foto:
Roberto Gallacci
 

Indivíduo adulto (forma clara).
Porto Alegre/RS, Maio de 2010.
Foto:
André Andrade
 

Indivíduo jovem.
Londrina/PR, Abril de 2013.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo adulto (forma escura).
São Pedro da Aldeia/RJ, Jun 2016.
Foto:
Carlos Grupilo