< Gralhão | Carcará >  
 

Carcará-do-norte Caracara cheriway (Jacquin, 1784)
Ordem: Falconiformes | Família: Falconidae | Monotípica


Indivíduo adulto. Foto: J. Augusto Alves

Falconídeo presente apenas ao norte (e ao longo) do rio Amazonas. É muito parecido com o carcaracá (C. plancus), e a diferenciação das duas espécies é incerta e confusa. Oportunista, alimenta-se principalmente de carniça, complementada com a captura de pequenos vertebrados. Também conhecido como carancho-do-norte e caracará-do-norte.


Descrição:
Mede de 49-58 cm de comprimento, peso de 907-1305 g (mahco) e 1037-1387 g (fêmea) (Del Hoyo et al. 2015). Adulto possuí dorso e partes inferiores preto, cabeça branca com um penacho preto, pescoço branco listrado de preto e tarsos amarelos. O jovem é marrom-escuro, sem o padrão de listras e branco do peito e cabeça, apresentando estrias escuras no pescoço e peito.

Espécies-similares: É quase idêntico ao caracará (Caracara plancus) que ocorre ao sul do rio Amazonas. Na literatura é mencionado que uma das características que difere a espécie do C. plancus, é a cor mais enegrecida por baixo da asa. No entanto, não é uma diagnose muito segura, uma vez que pode haver híbridos nas zonas de contato das duas espécies (Amazônia central, ao longo do rio Solimões/Amazonas), sendo incerta e confusa a diferenciação dessas aves através da plumagem.

Taxonomia: Dove & Banks (1999) elevaram a forma C. plancus cheriway à condição de espécie independente e monotípica, com base na análise da distribuição geográfica, plumagem e morfometria de 392 exemplares dos três táxons envolvidos (C. p. plancus, C. p. cheriway e C. lutosus). C. cheriway foi descrito em 1784 a partir de um exemplar vivo do Zoológico de Viena, proveniente da ilha de Aruba, Antilhas, tendo sido considerado espécie plena até sua subordinação a C. plancus como raça geográfica bem diferenciada ("well-marked"), conforme proposição de Hellmayr & Conover (1949:283). Ridgway (1876) foi a primeira fonte a relacionar C. cheriway ao Brasil (CBRO, 2010).

Alguns autores tratam C. cheriway como politípico, com três subespécies (C. c. audubonii, C. c. pallidus e C. c. cheriway), mas Dove & Banks (1999) afirmam que essas subespécies não são válidas, as diferenças na plumagem parecem ser devidas ao desgaste natural e as de tamanho à variação clinal.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se principalmente de carniça, complementada com a captura de pequenos vertebrados, incluindo peixes, roedores, tartarugas, invertebrados, além de ovos de tartarugas. Na Flórida/EUA, sua dieta é basicamente de filhotes de aves e invertebrados (Morrison et al. 2008). Quando caça, procura suas presas caminhando pelo solo, principalmente em áreas agrícolas e ao longo das estradas. Sobrevoa queimadas também para predar animais espantados pelo fogo ou animais mortos.

Reprodução: O ninho é grande, construído de galhos e gravetos sempre em árvores mais isoladas no ambiente. Coloca de 2 a 3 ovos, raramente 4, com período de incubação de 28-32 dias. Os pais defendem a prole a qualquer custo, atacando ou dando voos rasantes contra qualquer animal que se aproximar do ninho.

Distribuição geográfica: Ocorre do sul dos Estados Unidos ao norte da América do Sul (Colômbia, Equador, norte do Peru, Venezuela, Trinidad, Guianas e Brasil (norte e ao longo do baixo rio Amazonas).

Habitat e comportamento: Ocorre nas planícies, preferindo o lugares abertos, incluindo pastagens de gado, áreas de plantações, savanas, ambientes semi-áridos e praias. Comportamento geral semelhante ao Caracara plancus. O amarelo em sua face transforma-se um amarelo-laranja brilhante quando excitado/estressado. Alguns estudos como o de Dwyer (2014) afirmam que as cores da cera exibidas entre os caracarás de uma interação agonística está relacionada ao papel dos participantes nas interações. Os caracarás agressores (dominantes) exibem cera de amarelo brilhante, enquanto que os caracarás receptores (submissos) apresentam cera vermelha.

Movimentos: Espécie residente.

 


:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências:

CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2010). Resolução nº 34. <www.cbro.org.br> Acesso em Fevereiro de 2010.

Del Hoyo, J., Collar, N. & Marks, J.S. (2015). Crested Caracara (Caracara cheriway). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2015). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. (retrieved from http://www.hbw.com/node/467494 on 8 May 2015).

Dove, C.J., & R.C. Banks. (1999) A taxonomic study of crested caracaras (Falconidae). Wilson Bulletin 111:330-339.

Morrison, J.L., K. E. Pias, J. Abrams, I. G. W. Gottlieb, M. Deyrup, & M. McMillian (2008) Invertebrate diet of breeding and nonbreeding caracaras (Caracara cheriway) in Florida. Journal of Raptor Research 12:38-47.

Site associado: Global Raptor Information Network

 



Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Caracará-do-norte (Caracara cheriway) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/caracara_cheriway.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravação: Eduardo F. Gassán)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Cantá/RR, Out. de 2013.
Foto:
Marcelo Camacho
 

Indivíduo jovem.
Macapá/AP, Set 2012.
Foto:
Flávio Mota
 

Indivíduo adulto.
La Fortuna, Costa Rica. Out 2016.
Foto: Willian Menq