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Falcão-de-coleira Falco femoralis (Temminck, 1822)
Ordem: Falconiformes | Família: Falconidae | Politípica (3 subespécies)

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Indivíduo adulto. Bodoquena/MS. Foto: Willian Menq

Falcão pequeno e esbelto, de ampla distribuição no Brasil. Encontrado em áreas abertas, como campos naturais, borda de matas, áreas agrícolas e urbanas. Possui dieta variada, caça desde pequenas aves até lagartos, insetos e roedores. Surpreende suas presas a partir de um poleiro oculto ou através de formidáveis perseguições aéreas. Conhecido também como gavião-de-coleira e falcão-aplomado.


Descrição:
Mede de 35-45 cm de comprimento, peso de 208-305 g (macho) e 271-460 g (fêmea) (Bierregaard & Kirwan, 2013). Adulto apresenta dorso cinza-ardósia, peito e pescoço branco, ventre negro finamente barrado de branco, com crisso e calções castanhos. Na cabeça possui uma listra superciliar branca, a qual se prolonga até a nuca, além de uma faixa cinza escura abaixo do olho, em forma de lágrima. A cauda é escura barrada com cinco faixas brancas; íris castanho-escuro com anel periocular amarelo, tarsos e dedos amarelados. O jovem é mais amarronzado, com dorso marrom-escuro, peito creme estriado de negro e sobrancelha clara.

Espécies similares: Apesar de possuir uma plumagem bem característica, pode ser confundido com o cauré (Falco rufigularis) e esmerilhão (Falco columbarius), diferenciando-se principalmente pelo padrão de faixas das laterais da cabeça e coloração do ventre.

Dieta e comportamento de caça: Caça principalmente pequenas aves, além de lagartos, serpentes, roedores e insetos. Em áreas urbanas é um predador eficaz de pardais, pombos e periquitos. Procura suas presas a partir de um poleiro, permanecendo na espreita até avistar uma presa e atirar-se sobre ela no solo ou em perseguição. Costuma sobrevoar queimadas para capturar insetos e pequenos vertebrados assustados pelas labaredas. Pode caçar em dupla, comportamento de cooperação pouco comum entre os rapinantes. Enquanto um indivíduo realiza perseguições para cansar a vítima, o outro permanece em locais estratégicos para abatê-la.

Suas presas são em geral pequenas, raramente captura aves maior que um sabiá. Hector (1985) registrou o F. femoralis predando um aracuã (Ortalis vetula), espécie que pesa entre 470-685 g, sendo esta uma das maiores presas já registradas para a espécie. No Parque Nacional das Emas, Silveira et. al (1997) observaram F. femoralis associando-se ao lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) para capturar animais espantados por ele na vegetação rasteira. Comportamento parecido foi registrado por Nascimento & Menq (2016) no Mato Grosso do Sul. Os autores registraram o F. femoralis associando-se a emas (Rhea americana) e seriemas (Cariama cristata), para capturar animais espantados pelas atividades das aves.


Indivíduo adulto com uma rolinha recém capturada. Brasília/DF, Out 2010. Foto: Jussara Gruber

Reprodução: Nidifica em ninhos abandonados por outras aves ou em ocos e cavidades de árvores. Coloca de 2 a 3 ovos, raramente 4, com período de incubação de 32 dias. No período de reprodução é bastante agressivo, geralmente os casais emitem chamados agonísticos quando um intruso se aproxima do ninho, podendo executar voos rasantes contra o invasor.

No município de Santo André/SP, Miguel M. Magro (obs. pess.) monitorou um casal de F. femoralis nidificando no parque central da cidade por três anos consecutivos (2012 a 2015). Nos anos de 2012 e 2013 foi detectada a presença de um único filhote, enquanto que nos anos de 2014 e 2015 foi observada a presença de três filhotes. Em média, os filhotes começaram a sair do ninho em meados de novembro, tornando-se independentes após alguns meses.

Distribuição e subespécies: Ocorre do sudeste dos Estados Unidos até a Terra do Fogo, incluindo todo o território brasileiro, exceto nas regiões densamente florestadas. São conhecidas 3 subespécies:

  • F. f. septentrionalis: sul dos Estados Unidos (Texas, Arizona e Novo México) ao sul do México (Chihuahua, Oaxaca, Sinaloa) e Guatemala;
  • F. f. femoralis: Belize, Honduras e Nicarágua oriental (Mosquitia) Panamá, leste da Colômbia, Guianas, Bolívia oriental, Brasil, Argentina até Uruguai;
  • F. f. pichinchae: sudoeste da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, até o noroeste do Chile (Arico de Curicó e noroeste da Argentina (Tucumã).

Habitat e comportamento: Habita áreas abertas, como savanas, campos naturais, bosques abertos, áreas agrícolas e áreas urbanas, desde áreas ao nível do mar até regiões de 4.600 m (Cordilheira dos Andes). Encontrado solitário ou aos pares, às vezes em pequenos grupos. Em áreas abertas costuma pousar sobre árvores baixas, mourões de cerca e cupinzeiros, de onde procura suas presas. Em áreas urbanas pode ser encontrado pousado sobre postes, fios de eletricidade, antenas e borda de edifícios.

Movimentos: Espécie residente no Brasil. Populações setentrionais e meridionais são provavelmente migratórias, embora os movimentos sejam em grande parte irregulares (Bildstein 2006).

 

:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::

 


Referências:

Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN. Sesc.

Bierregaard, R.O., Jr & Kirwan, G.M. (2013). Aplomado Falcon (Falco femoralis). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2013). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.

Granzinolli, M. A. M., Rios, C. H. V., Meireles, L. D., Monteiro, A. R. (2002) Reprodução do falcão-de-coleira Falco femoralis Temminck 1822 (Falconiformes: Falconidae) no município de Juiz de Fora, sudeste do Brasil.Biota Neotropica, v. 2(2).

Hector, D.P. (1981) The habitat, diet and foraging behavior of the Aplomado falcon, Falco femoralis (Temminck). M.S. thesis, Oklahoma State Univ. Stillwater.

Hector, D.P. (1985) The diet of the Aplomado Falcon (Falco femoralis) in eastern Mexico. Condor 87:336-342.

Lencine-Neto, F. 1996. Reprodução sincrônica entre Elanus leucurus (Vieillot, 1818) e Falco femoralis Temminck, 1822 (Aves, Accipitridae). Comum. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. Ser. Zool. 9: 37-44. Oklahoma. 189pp

Nascimento, J. M. & Menq, W. (2016) Associação de forrageio entre o falcão-de-coleira (Falco femoralis) e aves terrícolas em áreas de pastagem no centro-oeste do Brasil. AO 192. p. 24.

Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p.

Silveira, L. J., Anah, T. A., Rodrigues, F. H. G. , E Crawshaw J. R., P. G. (1997) Hunting Association Between the Aplomado Falcon (Falco femoralis) and the Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus) in Emas National Park, Central Brazil". The Condor, v. 99:201–02.

Site associado: Global Raptor Information Network

 

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Falcão-de-coleira (Falco femoralis) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/falco_femoralis.htm> Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravado por: Alvaro Riccetto)
By: xeno-canto.



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Indivíduo adulto.
Jaú/SP, Julho de 2013.
Foto:
Paulo Campana
 
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Indivíduo jovem.
Santo André/SP, Nov. 2015.
Foto:
Miguel Malta Magro
 
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Jovem predando uma avoante (Zenaida auriculata). Março de 2012.
Foto:
Daniel Gil
 
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Adulto alimentando filhote.
Santo André/SP, Outubro de 2015.
Foto:
Miguel Malta Magro
 
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Jovens no Parque Central de Santo André/SP, Outubro de 2015.
Foto:
Miguel Malta Magro
 

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Filhote em cavidade usada como ninho. Santo André/SP, Outubro de 2015.
Foto: Miguel Malta Magro

 
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Indivíduo adulto.
Cocalinho/MT, Set. de 2013.
Foto: Willian Menq
 
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Indivíduo adulto.
Araruama/RJ, Set. de 2008.
Foto: Helio Pereira