Falcão-caburé Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817)
Ordem: Falconiformes | Família: Falconidae | Politípica (5 subespécies)
Falcão florestal pequeno e de difícil observação, normalmente mais ouvido do que observado. Ocorre em grande parte do Brasil, vive no interior de florestas, borda de matas, capoeiras e nas porções mais arbóreas do Cerrado e da Caatinga. Sua dieta é constituida principalmente de pequenos mamíferos, aves e insetos. Conhecido também como gavião-mateiro, gavião-rasteiro e gavião-caburé.
Descrição: Mede de 31-38 cm de comprimento, peso de 144-84 g (macho) e 200-322 g (fêmea) (Bierreaard & Boesman 2013). Apresenta a face nua de cor amarelo-vivo, com tarsos longos amarelos. As subespécies que ocorrem no Brasil apresentam dois padrões de plumagem, forma cinza e forma ruiva. A "forma cinza", ocorre na subespécie M. r. concentricus, da Amazônia e raramente se manifesta na subespécie M. r. ruficollis; essa plumagem é caracterizada pelo padrão puramente cinza, com dorso mais escuro, garganta clara; ventre branco com finas barras cinza-escuro e cauda negra com 3-4 finas faixas brancas. A "forma ferrugínea" é observada na subespécie M. r. ruficollis, que ocorre no restante do Brasil (Mata Atlântica e Cerrado), apresenta dorso mais amarronzado com pescoço e papo ferrugíneo. Jovem é mais escuro, com colar esbranquiçado incompleto na nuca, partes inferiores parda com barrado escuro e fino.
Espécies similares: Na região amazônica a subespécie M. r. concentricus pode ser confundida com o falcão-mateiro (Micrastur gilvicollis) e falcão-críptico (Micrastur mintoni), já que também são predominantemente cinzas. Essa espécie diferencia-se pelo padrão de faixas da cauda (possuindo de 3 a 4 finas faixas brancas) e pela íris castanha (nas outras espécies a íris é branca).
Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de pequenos mamíferos, aves e insetos. Também caça serpentes pequenas, sapos e lagartos. Geralmente caça suas presas por meio de ataques aéreos vindos de poleiros escondidos. Segue formigas-de-correição para capturar insetos ou pequenos animais espantados por elas. Quando segue as formigas-de-correição fica de 1 a 2 metros acima da trilha.
Olmos et al. (2006) registraram o comportamento oportunista de M. ruficollis em armadilhas tipo gaiola com iscas, capturando roedores e marsupiais através das grades da armadilha despedaçando-os com suas garras.
Reprodução: Nidifica em cavidades de árvores, com abertura de 12 a 23 m do solo; pode reaproveitar a cavidade por vários anos consecutivos. Em média, coloca dois ovos com período de incubação de 35 dias. Os jovens ficam emplumados após 38 dias, e duas semanas depois já começam a caçar. Durante o período nupcial, o macho emite chamados que começam de 30 a 40 min antes do nascer do sol, culminando com a entrega de alimento para a fêmea. São territoriais, a fêmea defende a área do ninho mesmo fora do período reprodutivo.
Distribuição e subespécies: Ocorre desde o sul do México, Nicarágua até a Argentina, incluindo todo o Brasil. São conhecidas cinco subespécies:
M. r. interstes: Ocorre na Costa Rica, Panamá, oeste da Colômbia e Equador.
M. r. zonothorax: Colômbia, Venezuela e leste dos Andes.
M. r. concentricus: sul da Venezuela, Guianas e região amazônica.
M. r. ruficollis: todo o Brasil (exceto região amazônica), Paraguai, e nordeste da Argentina (misiones).
M. r. olrogi: noroeste e oeste da Argentina.
Habitat e comportamento: Encontrado em florestas densas, capoeiras, borda de matas, matas de galeria e nas porções mais arbóreas do Cerrado e Caatinga. Canta frequentemente ao amanhecer (às vezes antes do nascer do sol) e ao entardecer. Vive escondido no sub-bosque e no estrato médio, sendo mais ouvido do que observado, não plana e raramente cruza áreas abertas. Em algumas regiões é simpátrico com o M. semitorquatus e M. gilvicollis.
Movimentos: Espécie residente.
:: Página editada por: Willian Menq em Abr/2019. ::
Referências:
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN. Sesc.
Baker A.J.; Aguirre-Barrera O.A.; Whitacre D.F.; White C.M. (2000) First record of a Barred Forest Falcon (Micrastur ruficollis) nesting in a cliff pothole. Ornitologia Neotropical 11: 81-82.
Bierregaard, R.O., Jr & Boesman, P. (2013). Lined Forest-falcon (Micrastur gilvicollis). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2013). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.
Ferguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the World. New York: Houghton Mifflin Company.
Thorstrom, R; J. D. Ramos & Cristobal M. M. (2000) Breeding Biology of Barred Forest-Falcons (Micrastur ruficollis) in Northeastern Guatemala. The Auk, v. 117(3): 781-786.
Haeming PD (2005). Gaviões Simpátricos do Gênero Micrastur - ECOLOGIA.INFO. Disponivel: <http://www.ecologia.info/micrastur.htm> Acesso em Maio de 2009.
Olmos, F.; Pacheco, J. F & Silveira, L. F. (2006) Notas sobre aves de rapina (Cathartidae, Acciptridae e Falconidae) brasileiras. Revista Brasileira de Ornitologia 14(4): 401-404.
Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira.
Site associado: Global Raptor Information Network
Citação recomendada:
Menq, W. (2019) Falcão-caburé (Micrastur ruficollis) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/micrastur_ruficollis.htm > Acesso em:
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