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Águia-pescadora Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758)
Ordem: Accipitriformes | Família: Pandionidae | Politípica (4 subespécies)


Indivíduo adulto. Londrina/PR. Foto: Luiz Bravo

Espécie migratória oriunda do hemisfério norte, aparece no Brasil entre os meses de outubro e abril. Sua dieta é composta basicamente de peixes, que são capturados através de mergulhos próximos a superfície da água. Pode ser encontrada voando alto ou pousada em árvores na margem de lagos, grandes rios, estuários e áreas costeiras. Também conhecida como guincho, gavião-pescador, gavião-do-mar, gavião-papa-peixe e gavião-caipira.


Descrição:
Mede de 55-58 cm de comprimento, envergadura de até 1,74 m, e peso de 990-1800 g (macho) e 1200-2050 g (fêmea) (Poole et al. 2014). Apresenta o dorso marrom-escuro, com o ventre predominantemente branco, cauda curta e barrada de cinza. Na cabeça apresenta uma fina listra escura atrás dos olhos que se estende até a nuca; íris amarela. Em voo, é possível notar as asas estreitas e mantidas sempre semidobradas, como um cotovelo em “V” à frente do plano da cabeça. O jovem é parecido com o adulto, diferenciando-se pela presença de estrias amarronzadas no pescoço e na cabeça.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se quase exclusivamente de peixes, com tamanhos que variam de 150 a 300 g. Sobrevoa os rios e grandes corpos d'agua à procura de peixes, às vezes "peneirando" para localizar sua presa na superfície ou logo abaixo dela. Ao visualizar um peixe, lança-se na água com as garras projetadas à frente do corpo para capturá-lo. Às vezes, o peixe está em profundidade que obriga a águia a mergulhar o corpo e cabeça. Imediatamente após a captura, voa para um poleiro preferencial. Além das garras finas, a águia-pescadora possuí uma série de pequenos espinhos na sola dos dedos para evitar que a presa escorregue. Outra característica singular dessa espécie é o 4º dedo móvel, que pode mover-se tanto para frente quando para trás, permitindo capturar peixes com dois dedos voltados para frente e dois para trás, aumentando a superfície de contato durante a caça.

Ocasionalmente pode predar outras aves e pequenos mamíferos. Blinn et al. (2007) registraram a predação de um pato (Somateria mollissima) na Ilha de Grand Manan, New Brunswick (Canadá). Outro autor relatou uma águia-pescadora voando com uma ave do tamanho de um pombo no Rio Chimán, no Panamá.


Indivíduo adulto com peixe recém capturado. Londrina/PR, Dezembro de 2017. Foto: Luiz Bravo

Reprodução: Constrói o ninho com gravetos e galhos no alto de árvores, torres e até postes de energia. Coloca de 1 a 4 ovos com período de incubação de 37 a 41 dias. Os filhotes realizam os primeiros voos e deixam o ninho após 50 a 75 dias. Nesse período aprendem a pescar sozinhos, mas os pais continuam a alimentá-los por mais algumas semanas. De acordo com Poole et al. (2014) a espécie atinge maturação sexual após 3 anos. O casal usa o mesmo ninho por vários anos consecutivos, reformando e adicionando materiais a cada período reprodutivo.

Durante o período pré-nupcial, o macho executa uma série de exibições aéreas para a fêmea. Uma dessas exibições, o macho carrega um peixe ou materiais para o ninho, emite chamados estridentes enquanto realiza voos ondulares.

Distribuição e subespécies: Cosmopolita, ocorre em quase todo o mundo, desde Ásia, Europa, Oceania e América. São conhecidas quatro subespécies:

P. h. carolinensis: América do Norte (Alasca, Estados Unidos até o México), durante o inverno com migração para Cuba, Bahamas, México até o Peru e todo o Brasil;

P. h. cristatus: Sulawesi e Java, Salomão, Nova Caledônia até o sul da Nova Guiné e costa Australiana;

P. h. haliaetus: Escócia, leste da Europa, Ásia até o extremo leste da Rússia, Kamchatka, Japão, sul do Mediterrâneo, Mar vermelho e ilhas de Cabo Verde, durante o inverno com migração até o sul da África, Índia, Indonésia e Filipinas;

P. h. ridwayi: Caribe, Cuba, sul de Bahamas e Belize.

Habitat e comportamento: Habita os mais variados ambientes, normalmente encontrada em regiões com grandes extensões de água (lagos, grandes rios, estuários e no mar próximo da costa). Também pode ser encontrada em lagos inseridos em centros urbanos, como é o caso dos municípios de Manaus/AM, Belém/PA, Londrina/PR, Rio de Janeiro/RJ, Florianópolis/SC, Porto Alegre/RS, Sobral/CE, dentre outros. Vive solitária, voando alto ou pousada sobre árvores isoladas. No período reprodutivo é bastante territorial, defende o ninho ou o local de nidificação através de chamados agonísticos e voos rasantes.

Movimentos: Migratória oriunda do hemisfério norte, as populações do continente americano nidificam na América do Norte e migram para a América do Sul e Central, aparecendo no Brasil a partir dos meses de setembro/outubro, permanecendo no país até meados de abril/maio. Indivíduos jovens (em primeira migração) e algumas aves mais velhas podem permanecer na América do Sul de 1 a 2 anos, de forma que a espécie possa ser registrada em todos os meses do ano no Brasil.

Em suas viagens migratórias desloca-se de 5 a 15 mil km de sua área reprodutiva até os sítios de invernagem, com percursos que duram de 20 a 30 dias. Migra principalmente durante o dia, por mais de 8 h consecutivas, voando em média 200 km/dia, realizando poucas paradas para descanso e alimentação, por vezes voando mais de 40 h consecutivas (quando voa sobre o oceano).

 

:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::

 


Referências:

Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN, Sesc.

Blinn B. M., V. Violette, & A. W. Diamond. (2007) Osprey, Pandion haliaetus, depredates Common Eider, Somateria mollissima, duckling. Canadian Field-Naturalist 120:236-237.

Del Hoyo, .J., Elliot, A. & J. Sargatal (1994) Handbook of the birds of the world (2 v). Bird Life International Lynx Editions. 638p.

Poole, A. F., Kirwan, G. M., Christie, D. A. & Marks, J.S. (2014) Osprey (Pandion haliaetus). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2014). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. (retrieved from http://www.hbw.com/node/52947 on 7 May 2015).

Sick, H. (1993) Birds in Brazil: a natural history. Princeton University Press, Princeton, NJ.

Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p.

Texeira, E. C; Costa, E. S; Petry, M. V. (2005) Primeiro registro de águia pescadora (Pandion haliaetus, Linnaeus, 1758) no Parque estadual de Itapuã, Viamão, RS. Biodiversidade Pampeana, PUCRS, Uruguaiana ISSN 1679-6179 3:24-26, 28 de dezembro de 2005.

Site associado: Global Raptor Information Network

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Águia-pescadora (Pandion haliaetus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/pandion_haliaetus.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravação: Annette Hamann)
By: Xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Londrina/PR, Dez. de 2017.
Foto:
Breno Fidencio Tamarozzi
 

Indivíduo Adulto.
Boa Vista/RR. Setembro 2008.
Foto:
Ed Andrade Júnior
 

Indivíduo adulto.
Iracemápolis/SP. Novembro 2010.
Foto: Tiago R. (Ecofoto)
 

Indivíduo Adulto.
Londrina/PR, Dezembro de 2017.
Foto:
Luiz Bravo
 

Indivíduo adulto.
Londrina/PR, Dez. de 2017.
Foto:
Breno Fidencio Tamarozzi
 

Indivíduo jovem.
Parnaíba/PI, Janeiro de 2010.
Foto:
Ricardo Gentil