Coruja-do-mato Strix virgata (Cassin, 1849)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Politípica (7 subespécies)
Indivíduo adulto. Foto: Willian Menq |
Trata-se de uma coruja florestal de ampla distribuição na região neotropical. De médio porte, é estritamente noturna, torna-se ativa assim que escurece. No período reprodutivo é bastante ativa vocalmente, e responde muito bem a reproduções de playback. Conhecida também como coruja-de-bigode, mocho-carijó e mocho-do-mato.
Descrição: Mede de 30-38 cm de comprimento e peso de 175-320 g (Konig & Weick 2008). Adulto apresenta o dorso marrom-escuro com manchas castanhas, ventre creme com estrias marrom-escuro. A face é marrom com sobrancelhas claras (varia do creme ao castanho) que circunda toda a face formando um disco facial. O jovem sai do ninho coberto por uma penugem de cor creme, com face marrom-escuro, que gradualmente vai mudando para a plumagem adulta.
Vocalização: Apresenta uma série de vocalizações, pios territoriais, de alerta, chamados, e de cortejo. Os machos vocalizam com menor frequência do que as fêmeas.
Espécies similares: É parecida com a coruja-listrada (Strix hylophila), diferenciando-se pelo padrão de estrias (listras verticais) no ventre, enquanto a S. hylophila possui peito barrado (listras horizontais). A vocalização entre as duas espécies é bem distinta, o que facilita a identificação sonora.
Dieta e comportamento de caça: Caça pequenos mamíferos (especialmente camundongos), lagartixas, anfíbios, insetos (cigarras, besouros, gafanhotos), aranhas e outros artrópodes; de forma mais rara caça pequenas aves e morcegos. Localiza suas presas a partir de um poleiro, de onde fica na espreita até localizar sua presa no solo, ou por vezes no ar. Costuma usar frequentemente as bordas da mata ou clareiras para caçar.
Reprodução: Nidifica em buracos de árvores ou ninhos abandonados de outras aves. Coloca de 1 a 2 ovos, que são incubados pela fêmea. Os filhotes saem do ninho com 4 a 5 semanas de vida, permanecendo nos arredores e sendo alimentados pelos pais. No sul e sudeste do Brasil, o período reprodutivo inicia-se em agosto, com filhotes independentes em janeiro e fevereiro. No período reprodutivo é bastante ativa vocalmente.
Distribuição e subespécies: Ocorre do México até o norte da Argentina, incluindo grande parte do Brasil. No Brasil, ocorre em toda a região amazônica e na Mata Atlântica (sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul), com populações isoladas nas formações florestais do nordeste e centro-oeste do país. São conhecidas 7 subespécies:
- S. v. squamulata: oeste do México (Sonora e Guerrero, Guanajuato até Morelos);
- S. v. tamaulipensis: nordeste do México (sul de Nuevo León e Tamaulipas);
- S. v. centralis: leste e sul do México (Veracruz e Oaxaca) até oeste do Panamá.
- S. v. virgata: leste do Panamá, Colômbia, Equador, noroeste e norte da Venezuela e Trinidad.
- S. v. macconnelli: sudeste da Venezuela até Guianas.
- S. v. superciliaris: região amazônica do Brasil, Peru até Bolívia.
- S. v. borelliana: sudeste e sul do Brasil, Paraguai e nordeste da Argentina (Misiones).
Habitat e comportamento: Habita florestas primárias e secundárias, matas secas e reflorestamentos, em altitudes do nível do mar até 800 m (há registros em altitudes superior a 2.000 m), sendo mais comum nas florestas úmidas de planície. Também pode ser encontrada em fragmentos florestais inseridos na matriz urbana.
É estritamente noturna, comum ao longo de sua distribuição; gosta de ficar no interior da floresta, principalmente nos trechos com dossel mais alto (Menq & Anjos 2015). Vive solitária ou aos pares, durante o dia fica camuflada nas densas folhagens da floresta e pode ser assediada por pequenos pássaros caso descoberta; torna-se ativa assim que escurece. Responde bem ao playback, principalmente no período reprodutivo, geralmente emite um chamado do tipo “Aoooouuuu”.
Movimentos: Espécie residente.
:: Página editada por: Willian Menq em Abr/2018. ::
Referências:
Bernardi, I. P; Miranda, J. M. D; Abreu, K. C; Sponchiado, J; Grotto, E; Milani, L. F; Passos, F. C. (2008) Novo registro de Strix virgata (Cassin, 1849) para o estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Strigiformes: Strigidae). BIOCIÊNCIAS, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 138-141, jul.
Gerhardt, R. (1991) Response of Mottled Owls to Broadcast of Conspecific Call.. Journal of Field Ornithology, 62: 239-244.
Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. Segunda Edição. New Haven, Connecticut: Yale University Press.
Menq, W. & Anjos, L. (2015) Habitat selection by owls in a seasonal semi-deciduous forest in southern Brazil. Brazilian Journal of Biology. v. 75(4.1):143-149.
Roda, S. A.; Carlos, C. J. (2004) Composição e sensitividade da avifauna dos brejos de altitude dos brejos de Pernambuco. In: PORTO, K. C.; CABRAL, J. J. P.; TABARELLI, M. (Org.). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. (Série Biodiversidade, 9).
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Coruja-do-mato (Strix virgata) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/strix_virgata.htm > Acesso em:
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