Condor-dos-andes Vultur gryphus (Linnaeus, 1758)
Ordem: Cathartiformes | Família: Cathartidae | Monotípica
Macho adulto. Peru, Nov. 2011. Foto: Marcelo Barreiros
É uma das maiores aves voadoras do mundo. Ocorre na Cordilheira dos Andes, alimentando-se de mamíferos mortos de qualquer tamanho, desde carcaças de ihama e guanaco, até golfinhos e leões marinhos trazidos pelas ondas. Sua ocorrência no Brasil é duvidosa, conta com menções antigas no oeste do Mato Grosso e Paraná, sem nenhuma evidência documental existente ou disponível.
Descrição: Uma das maiores aves voadoras do mundo, mede até 110 cm de comprimento com envergadura de asas de até 320 m; peso de 11.000-12.000 g (macho) e 9.210 g (fêmea). Possui coloração predominantemente preta com colar e coberteiras superiores brancas, cabeça nua avermelhada com uma notável crista carnosa acima do bico, que é ausente na fêmea.
Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de mamíferos mortos de qualquer tamanho. Consome carniça de camelos, incluindo o guanaco (Lama guanicoe), vicunha (Vicugna vicugna) e os descendentes domesticados da lhama (Lama glama) e da alpaca (Vicugna pacos). Não se limita a alimentos terrestres, nas regiões costeiras, como nas áridas costas do Peru e do Chile, alimenta-se extensivamente da carniça de animais marinhos trazidas pelas ondas. Os alimentos registrados em sua dieta incluem as carcaças de baleias e golfinhos, leões-marinhos (Otaria byronia), lobos-marinhos-sulamericanos (Arctocephalus australis), yuncos (Pelecanoides garnotii), pingüins de Humboldt (Spheniscus humboldti), tartarugas-verdes (Chelonia mydas), peixes e algas pardas. Por vezes, pode ser observado em carcaças ao lado de outras espécies de urubus (Coragyps e Cathartes) e falconídeos oportunistas (Caracara e Milvago).
Reprodução: Nidifica em plataformas em paredões altos das cordilheiras colocando um único ovo, incubado por dois meses. O filhote só começará a voar após seis meses, adquirindo a plumagem adulta completa após 6 anos. Tal lentidão na reprodução, comum em animais tão grandes, faz com que a espécie seja muito suscetível a impactos causados pelas ações humanas.
Distribuição geográfica: Ocorre na Cordilheiras dos Andes, desde a Venezuela até a Terra Do Fogo, descendo até o nível do mar no Peru e no Chile. Existem ainda registros de indivíduos vagantes fora da abrangência dessa distribuição. Um espécime depositado em Michigan State University Museum (MSU Vertebrate Collection – www.groms.de) datado de 1905 foi coletado no Panamá.
Ocorrência no Brasil? A informação original sobre a ocorrência dessa espécie no Brasil foi fornecida a Helmut Sick pelo cineasta sueco Arne Sucksdorff, que relatou a existência de condores em uma ilha fluvial chamada “Ilha dos urubus”, no Rio Jauru, oeste do Mato Grosso. Sick (1979) narra que V. gryphus pode visitar a região do rio Jauru na estação seca (maio/junho), em busca de carcaças de gado trazidas pelas correntezas do rio. Outra informação de V. gryphus no país foi divulgada pelo Almirante Ibsen de Gusmão Câmara (em Straube et al. 1991), que descreveu o caso de um indivíduo abatido por militares nos arredores do extinto Parque Nacional de Sete Quedas, em Guaíra/PR, na década de 20.
Ressalta-se que essas menções antigas de V. gryphus são duvidosas, pois não há nenhuma documentação existente ou disponível. Por essa razão, o CBRO aloca essas espécies na lista secundária de aves do Brasil.
Habitat e comportamento: Vive nas Cordilheiras dos Andes, podendo habitar áreas com mais de 5.000 m de altitude, sendo bem adaptado ao clima frio. Vive solitário ou em grupos, voa alto, tendo suas asas longas e estreitas esticadas horizontalmente à linha do corpo. Seu habitat, a mais de três mil metros de altitude, o protegeu da caça excessiva, mas ainda assim ele é considerado vulnerável à extinção. É considerado um animal sagrado para os antigos Incas, povos nativos que habitavam a cordilheira dos Andes. Na cidade sagrada de Machu-Pichu há diversas representações do condor, considerado “A alma dos Andes”.
:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::
Referências:
Alvanegra, H. M. F. (1998) Sobre ocorrência do Condor (Vultur gryphus) no Holoceno da Região de Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil. Ararajuba 6(1):60-63.
Bruning, D. (1983) Breeding condors in captivity for release in the wild. Zoo Biology 2:245-252.
CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2009) Resoluçao nº 7. Versão 9/8/2009. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: Abril de 2010
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Haemig PD (2008) Ecologia dos Condores. ECOLOGIA.INFO#25. Disponível em: < http://www.ecologia.info/condor-dos-andes-3.htm > Acesso em Agosto de 2010.
Sarno RJ, Franklin WL, Prexl WS (2000) Activity and population characteristics of Andean Condors in southern Chile. Revista Chilena de Historia Natural 73: 3-8
Sick, H. (1979) Notes on some brazilian birds. Bull. Brit. Orn. Cl. 99(4):115-120.
Snyder NFR, Snyder H (2000) The California Condor. Academic Press, San Diego
Straube, F. C., M. R. Bornschein & D. M. Teixeira (1991) Nova ocorrência de Vultur gryphus em território brasileiro. Resumos I Congr. Bras. Ornit.: 31-32.
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Condor-dos-andes (Vultur gryphus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/vultur_gryphus.htm > Acesso em:
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