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Mocho-diabo Asio stygius (Wagler, 1832)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Politípica (6 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Douglas Meyer

O mocho-diabo é uma coruja grande e discreta; ocorre em grande parte da América do Sul e Central, habitando uma ampla variedade de habitats, mas geralmente prefere matas abertas, como florestas decíduas, florestas de pinheiros, cerrado, campos com árvores esparsas, e até mesmo em parques urbanos. A dieta da espécie inclui roedores, morcegos e aves, desde pássaros pequenos até pombos-domésticos. O mocho-diabo, além de ter uma coloração com aspecto escuro, apresenta dois tufos de penas, bem proeminentes, que se parecem com orelhas acima da cabeça. Conhecida também como coruja-diabo e mocho-escuro.


Descrição:
Mede entre 38-46 cm, peso médio de 460 g (macho) e 685 g (fêmea) (Konig & Weick, 2008). Adulto possui o dorso marrom-escuro quase negro, com ventre creme fortemente estriado de marrom-escuro. A face é escura, sutilmente delimitada com manchas brancas, incluindo uma curta sobrancelha branca, íris variando do amarelo ao amarelo-alaranjado, bico negro. No alto da cabeça possuí dois tufos de penas, que se parecem com orelhas acima da cabeça. Esses tufos são longos e visíveis, especialmente quando a ave está em alerta. Os tarsos são emplumados, com garras fortes e robustas. O jovem sai do ninho coberto por uma penugem cinzenta, levemente barrada de creme. A face e as asas são escuras, quase negras, contrastada com o a íris amarela.

Vocalização: O macho emite um canto transcrito como “whuoh...”, profundo e descendente, repetido em intervalos de 6-10 segundos. A fêmea, emite um chamado mais agudo e muitas vezes profere um “miahh” parecendo um miado de gato em resposta ao canto do macho. Ambos os sexos proferem um “whag-whag-whag...” quando estressados. Um chamado agudo e gritante é proferido por jovens quando imploram por comida.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de pequenos mamíferos, como roedores e morcegos, e aves (saíras, sanhaços, pombos); e em menor frequência consome insetos. Caça a partir de um poleiro, muitas vezes movendo-se de poleiro em poleiro, procurando localizar sons emitidos involuntariamente por suas presas quando se deslocam pela folhagem.

Reprodução: Nidifica em cavidades de árvores, ninhos abandonados de outras aves, ou diretamente no solo em uma depressão superficial. Normalmente coloca 2 ovos brancos, que são incubados pela fêmea. Os jovens são alimentados por ambos os pais. O período reprodutivo varia conforme a região e o clima. Durante o período reprodutivo, é comum macho e fêmea vocalizar próximo ao local do ninho.

Oliveira (1981) monitorou um ninho de A. stygius em uma Floresta Ombrófila Mista no Rio Grande do Sul. O ninho encontrava-se no vértice de um dos caules secundários de uma araucária (Araucaria angustifolia), onde foram observados dois filhotes. A alimentação dos filhotes ocorreu durante a noite até o período crepuscular matutino.

Distribuição geográfica: Ocorre desde o México, América central até o nordeste da Argentina. No Brasil, os limites de sua distribuição são incertos, ocorre nos estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. São conhecidas seis subespécies:

  • A. s. stygius: leste da Bolívia, norte, nordeste e sudeste do Brasil até o nordeste da Argentina;
  • A. s. lambi: oeste do México, do sudoeste de Chihuahua até o estado de Jalisco;
  • A. s. robustus: sul do México (Guerrero e Veracruz) até a Venezuela e o Equador;
  • A. s. siguapa: Cuba e na Ilha de Pinus;
  • A. s. noctipetens: Ilha de São Domingos (Haiti e República Dominicana) e na Ilha de La Gonâve;
  • A. s. barbeiro: Paraguai e no norte da Argentina.

Habitat e comportamento: Habita uma ampla variedade de habitats, mas geralmente prefere matas abertas, como florestas decíduas, florestas de pinheiros, cerrado, campos com árvores esparsas, e até mesmo em parques urbanos. Encontrada em altitudes que variam de 700 até 3.000 m. Apesar da ampla distribuição é muito pouco conhecida, com escassas informações sobre sua biologia e comportamento.

É estritamente noturna, durante o dia esconde-se nas densas folhagens da copa das árvores. Quando alarmada, assume uma postura bem ereta, tornando-se bem fina, com os tufos de penas erguidos verticalmente; quando relaxada, os tufos de penas são mantidos planos e, portanto, pouco visíveis. É uma coruja territorial, machos defendem o território cantando empoleirado na copa das árvores. Desloca-se batendo lentamente as asas, muitas vezes planando a longas distâncias. Nem sempre responde ao playback, por vezes se aproxima silenciosamente da fonte sonora.

Movimentos: Espécie residente.




:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências:

Carrano, E. 1998. Registros do mocho-diabo Asio stygius (Wagler, 1832) no Estado do Paraná. AO. 85: 2.

Holt, D.W.; Berkley, R.; Deppe, C.; Enriquez-rocha, P.L.; Petersen, J.L.; Rangel-salazar, J.L.; Segars, K.P. & Wood, K.L. (1999) Species acounts of Strigidae. Em: Del Hoyo, J., A. Elliott, e J. Sargatal, (eds.) Handbook of the birds of the world. V. 5, Barn-owls to hummingbirds. Barcelona, Espanha. Lynx Edicions. 759p.

Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. 2º Edição. New Haven, Connecticut: Yale University Press.

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira.


Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Mocho-diabo (Asio stygius) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/asio_stygius.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Nick Athanas)
By: xeno-canto.




Indivíduo predando um saí-andorinha (Tersina viridis). Franca/SP, Abr 2013.
Foto:
Ualisson Eduardo
 

Indivíduo adulto.
Ilhabela/SP. Novembro 2011.
Foto:
Marcelo Dutra
 

Indivíduo adulto.
Brasília/DF, Dez. 2007.
Foto: Herbert O. R. Schubart
 

Indivíduo adulto.
Juiz de Fora/MG, Março de 2010.
Foto:
Roberto Braga
 

Indivíduo adulto.
Brasília/DF, Dez. 2007.
Foto:
Herbert O. R. Schubart
 

Indivíduo adulto.
Derrubadas/RS. Fev. 2010.
Foto:
Dante Meller