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Sovi Ictinia plumbea (Gmelin, 1788)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Monotípica


Indivíduo adulto. Porangatu/GO. Foto: Willian Menq

Gavião insetívoro, encontrado em florestas, bordas de matas e áreas urbanas arborizadas. É um migrante austral, facilmente observado em voo durante o dia, gosta de planar sobre matas, florestas e parques urbanos a procura de insetos voadores, os quais captura e consome em voo. Conhecido também como gavião-pega-formiga, gavião-pomba e sauveiro.


Descrição:
Mede de 34-37 cm de comprimento, peso de 190-267 g (macho) e 232-280 g (fêmea) (Marquez et al. 2005). Adulto apresenta dorso e coberteiras cinza-escuro, partes inferiores e cabeça de cor cinza-ardósia. A face inferior das primárias (ponta das asas) possui uma coloração castanha-avermelhada, bem vísivel quando o gavião esta em voo, sendo um ótimo diagnóstico para a identificação. Apresenta bico pequeno, tarsos e dedos amarelos, e íris vermelho-escuro. O jovem apresenta as partes inferiores brancas estriadas de marrom, com dorso e coberteiras cinza-amarronzado com pequenas pintas brancas, e íris mais clara que a do adulto.

Espécies similares: Devido a silhueta com asas pontiagudas, pode ser confundido com os falcões do gênero Falco, porém voa planado e mais lento. É muito parecido com o sovi-do-norte (I. mississippiensis), sendo o I. plumbea mais escuro e com as primárias das asas de cor castanho-avermelhado (característica ausente em I. mississippiensis). Também é parecido com o gavião-peneira (Elanus leucurus) e gavião-tesoura (Elanoides forficatus), principalmente quando pousado.

Dieta e comportamento de caça: É insetívoro, 95% de sua dieta é composta por insetos. Alimenta-se de libélulas, formigas, besouros, cigarras, caramujos e outros invertebrados. Costuma capturar e consumir os insetos em voo. Também caça pequenas presas na copa das árvores, e lagartos e cobras no chão (Antas, 2005; Sick, 1997, obs. pess. W. Menq). Loures-Ribeiro et al (2003) relataram um indivíduo adulto capturando uma pomba-de-bando (Zenaida auriculata), sendo uma das maiores presas registradas para esta espécie.

Reprodução: Se reproduz no Pantanal, no sul/sudeste do Brasil e na Amazônia (Antas, 2005). Constrói um ninho pequeno com ramos e galhos de árvore, podendo aproveitar o mesmo ninho por várias temporadas consecutivas. Coloca de 1 a 2 ovos, com período de incubação de 30 a 32 dias, com ambos os pais participando da construção do ninho e incubação.

Durante o período reprodutivo, os pais são agressivos e territoriais, pode atacar qualquer intruso que se aproximar do local. No município de Peabiru/PR, W. Menq (obs pes.) monitorou um ninho e registrou a espécie atacando, através de voos rasantes, caracarás (C. plancus), gaviões-carijó (R. magnirostris) e urubus-de-cabeça-vermelha (C. aura).

Loures-Ribeiro et al (2003) monitoraram dois ninhos no município de Maringá/PR. O primeiro ninho localizava-se a 8 m do solo, nele foi registrado a presença de um único filhote. Já o segundo ninho situava-se a 15 m de altura, construído pelo casal em meados de setembro, e com postura de um único ovo. No dia 10 de novembro foi observado o filhote e os pais alimentava o filhote principalmente com insetos voadores. O primeiro filhote (período reprodutivo de 2000) deixou o ninho por volta do dia 05 de dezembro, já o filhote do período de 2001 permaneceu sob cuidado dos pais por aproximadamente 26 dias, e no início de dezembro, não foi mais avistado.

Jacomassa (2011) monitorou um ninho no interior do Rio Grande do Sul. Em novembro foi constatada a presença de ninhegos (um em cada estação reprodutiva), e nesse período os pais alimentavam os filhotes com insetos pequenos (Hymenoptera e Coleoptera) e faziam a manutenção do ninho.  Os filhotes ao tornarem-se jovens eram alimentados com insetos maiores (Odonata e Orthoptera). Os pais, além dos itens alimentares que forneciam aos filhotes, consumiram frutos de batinga (Eugenia rostrifolia) e a carcaça de uma ave (Piaya cayana).

Distribuição Geográfica: Ocorre desde o México até a Bolívia, Paraguai, Argentina e por todo o Brasil (Sick, 1997), exceto as regiões mais áridas do nordeste.

Habitat e comportamento: Habita bordas de florestas, capoeiras altas, florestas de galeria, bosques e áreas urbanas arborizadas. Vive solitário, aos pares ou mesmo em bandos, às vezes misturado a outras espécies de gaviões. Voa muito durante o dia, inclusive a grande altura, podendo sobrevoar queimadas para caçar (Antas, 2005; Ferguson-Lees e Christie 2001).

Movimentos: As populações da América Central e as austrais (região do pantanal, e sul e sudeste do Brasil) são migratórias e se deslocam para latitudes mais equatoriais durante o período de invernagem, muitas vezes em bandos com mais de 100 aves; na região amazônica é residente. No Brasil as populações migratórias normalmente aparecem nas áreas de reprodução (sul/sudeste e centro-oeste) em agosto, retornando para a região amazônica em março/abril.

 



:: Página editada por: Willian Menq em Jan/2018. ::




Referências:

Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN. Sesc.

Freguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the world. Boston, New York: Houghton Miffin Company.

Jacomassa, F. A. F. (2011) Observações em um ninho de sovi Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) (Falconiformes: Accipitridae) no sul do Brasil. Biotemas, 24 (1): 77-82.

Loures-Ribeiro, A., Gimenes, M. R. & Anjos, L. (2003) Observações sobre o comportamento reprodutivo de Ictinia plumbea (Falconiformes: Accipitridae) no Campus da Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil. Ararajuba 11 (1): 85-87.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005). Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Sazima, I. & J. V. Hipolito (2017) Peaceless doves: predators of two columbid species at an urban park in southeastern Brazil. Rev. Bras. Ornitol. 25(1): 67-70.

Seavy, M.E., M.D. Schulze, D.F. Whitacre, and M.A. Vásquez. (1998). Breeding biology and behavior of the Plumbeous Kite. Wilson Bulletin 110:77-85.

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Nova Fronteira.

Site associado: Global Raptor Information Network

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Sovi (Ictinia plumbea) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/ictinia_plumbea.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravação: Andrew Spencer)
By: xeno.canto.




Indivíduo adulto.
Goiânia/GO, Agosto 2009.
Foto:
Wagner Machado C. Lemes.
 

Indivíduo jovem.
Aquidauana/MS, Dez. de 2016.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo adulto.
Corumbá/Ms, Dez de 2016.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo adulto.
Guaporé/RS, Jan 2016.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo adulto em voo.
Campinas/SP, Setembro de 2010.
Foto:
Carlos H. Carneiro
 

Casal copulando.
Goiânia/Go, Agosto de 2009.
Foto:
Wagner Machado C. Lemes
 

Indivíduo adulto e jovem.
Caxias do Sul/RS, Jan. 2018.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo adulto.
Oliveira de Fátima/TO, Nov 2017.
Foto:
Willian Menq