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Gavião-asa-de-telha Parabuteo unicinctus (Temminck, 1824)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Ricardo Gentil

Gavião incomum, encontrado em regiões campestres e periferias de áreas urbanas. É conhecido pelos seus hábitos sociáveis, pode caçar em grupo, capturando desde roedores e aves até presas maiores, como lebres e garças. Normalmente observado empoleirado em árvores baixas, postes em beira de rodovias ou sobrevoando áreas urbanas.


Descrição:
Mede de 48 a 56 cm de comprimento, peso de 450-725 g (macho) e 650–1047 g (fêmea). Adulto possuí plumagem marrom-escuro ou claro, com coberteiras superiores e calções ferrugíneos, crisso branco; cauda longa com base e extremidade brancas. Em voo destaca-se as coberteiras inferiores ferrugíneas e extremidade das primárias e secundárias pretas. Jovem é mais claro, com dorso marrom-claro e ferrugíneo nas coberteiras escapulares, partes inferiores marrom com estrias claras no peito e pescoço e calções barrados.

Espécies similares: Jovem é parecido com o jovem do gavião-caboclo (Heterospizias meridonalis), gavião-preto (Urubitinga urubitinga) e gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus), diferenciando-se principalmente no padrão de barras da cauda, silhueta e listras da face.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de principalmente de aves e pequenos mamíferos. Em menor frequência pode caçar invertebrados e consumir carcaça de animais mortos. É conhecido por ser um caçador social na América do Norte (Arizona, Estados Unidos), estratégia que utiliza para capturar presas maiores como lebres (Lepus californicus), as quais uma vez capturadas são compartilhadas entre o grupo. Este tipo de cooperação de caça não tem sido estudado na região neotropical.

No Brasil, parece caçar com frequência pombos (Columba livia, Zenaida auriculata) e outras aves em centros urbanos. Na Cidade do México, Ortega-Álvarez & Calderón-Parra (2014) registraram P. unicinctus caçando morcegos em plena área urbana, sugerindo uma adaptação ao ambiente urbano.

Dentre as técnicas de caça, costuma usar duas estratégias: voando baixo e rápido em busca de suas presas entre a vegetação rasteira (ao estilo de um Accipiter); e outra planando alto aproveitando as correntes de ar quente da manhã, procurando presas em solo.

Reprodução: Constrói o ninho em forma de plataforma no alto de árvores, usando galhos e ramos secos. Coloca de 2 a 4 ovos, cuja incubação dura de 33-36 dias. Os filhotes são totalmente dependentes dos pais durante as primeiras semanas de vida. Abandonam o ninho com cerca de 40 dias, mas permanecem nas proximidades durante três a quatro meses. No Arizona, pode formar grupos reprodutivos representados por uma fêmea e dois ou mais machos (poliandria), dos quais copulam com ela e colaboram na incubação e alimentação dos filhotes (Bierregaard & Boesman, 2013). Este comportamento não tem sido observado na região neotropical. No entanto, existem relatos de povos indígenas (Wayuu de la Guajira, Colômbia) descrevendo mais de um casal de gaviões usando o mesmo ninho (Márquez et al. 2005).

Distribuição e subespécies: Ocorre desde o sudoeste dos EUA (Texas à Califórnia), México até as zonas áridas da América Central e do Sul (Bierregaard & Boesman, 2013). Ocorre em grande parte do Brasil, exceto na região amazônica. São conhecidas duas subespécies:

  • P. u. harrisi: sudoeste dos Estados Unidos, México, América Central até o oeste da Colômbia, Equador e Peru.
  • P. u. unicintus: nordeste da Colômbia, Venezuela até o sul da Argentina, Chile e Uruguai, incluindo todo o Brasil.

Habitat e comportamento: Essa espécie é popularmente conhecida por causa de seu modo de vida social e pelo uso habital na falcoaria. Habita regiões campestres, áreas de várzeas, pastagens, campos de cultivo, savanas, podendo aparecer em periferia de áreas urbanas (Sick, 1997; Antas, 2005). Costuma planar com frequência, encontrado soliário, aos pares, ou em pequenos grupos familiares. Embora seja raro em muitas regiões da América Central e do Sul, pode tornar-se comum ou expandir sua distribuição beneficiado pelo desmatamento.

Movimentos: Espécie residente.

 

 

:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::

 


Referências:

Bierregaard, R.O., Jr & Boesman, P. (2013). Harris's Hawk (Parabuteo unicinctus). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2013). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.

Brown, L. & D. Amadon (1968) Eagles, Hawks and Falcons of the World. New Cork: McGraw-Hill

Gwynne, J. A.; Ridgely, R. S.; Tudor, G. & Argel, M. (2010) Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado. São Paulo: Ed. Novo Horizonte.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Ortega-Álvarez, R. & Calderón-Parra, R. (2014) Hunting the unexpected: Harris's Hawks (Parabuteo unicinctus) preying on bats in a Neotropical megacity. Revista Brasileira de Ornitologia, 22(3), 297-299.

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Nova Fronteira.

Site associado: Global Raptor Information Network

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-de-asa-telha (Parabuteo unicinctus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/parabuteo_unicinctus.htm > Acesso em: .




 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravado por: Robin Carter)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Miranda/MS, Setembro 2017.
Foto:
Jessica M. Nascimento Menq
 

Indivíduo adulto. Jaboatão dos Guararapes/PE, Agosto 2014.
Foto:
Stephen Jones
 

Indivíduo jovem.
Santos/SP, Setembro de 2013.
Foto:
Leonardo Casadei
 

Indivíduo adulto.
Rio das Ostras/RJ, Out 2013.
Foto:
Normando Rodrigues
 

Indivíduo jovem.
Conceição do Coité/BA, Ago 2014.
Foto:
Gilvan Moreira
 

Casal copulando.
Santo André/SP, Agosto 2012.
Foto:
Marcelo Feliti